sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A explosão dos acidentes de motos


Só este ano pelo menos quatro jovens perderam a vida em Brotas de Macaúbas e muitos ficaram com seqüelas para o resto de suas vidas


Um acidente de moto neste começo de tarde de sábado (25) chuvoso quebrou a rotina de Brotas de Macaúbas em plena Rua Padre Carrilho. O motociclista bateu no fundo de um caminhão parado nas imediações da sede dos Correios e a vítima ficou estirada no chão por alguns minutos até a chegada da ambulância que a transportou para o Posto de Pronto Atendimento de Saúde. A situação ilustra um dos maiores problemas de trânsito no país que são as motocicletas.

Em Brotas só neste ano pelo menos quatro jovens perderam a vida em acidentes deste tipo e um sem número de pessoas ficou ferida, algumas carregando seqüelas para o resto da vida. O aumento da frota de motos em circulação no Brasil se tornou responsável por uma das piores epidemias que o País já enfrentou. Foram 65 mil mortes em acidentes com motocicleta nos últimos dez anos - número equivalente ao total de americanos mortos na Guerra do Vietnã.

Em números absolutos, as mortes em cada uma dessas cidades podem não impressionar. São duas, três, dez por ano. Por isso, não provocam tanto barulho. Mas, quando somadas, configuram uma epidemia só comparável à provocada pelos assassinatos. E as vítimas têm o mesmo perfil: jovens de 20 a 29 anos, do sexo masculino e de baixa renda. Nessa faixa etária, nem câncer nem enfarte nem nenhuma outra doença mata mais do que as motos. Só as armas de fogo.

Entre as capitais, São Paulo ocupa apenas o 13.º lugar no ranking da mortalidade envolvendo motociclistas. O Rio fica em 15.º. A campeã, com uma taxa três vezes maior, é Boa Vista (RR), seguida de perto por Palmas (TO). O Ministério da Saúde se diz preocupado com o crescimento das mortes, mas há poucos programas de abrangência nacional em curso para combater a epidemia.

O aumento das mortes está diretamente ligado ao avanço da frota sobre duas rodas que, de 2000 a 2010, cresceu quatro vezes de tamanho. É exatamente a mesma taxa de crescimento do número de mortes.

Um r pra moRtos

Em artigo intitulado “Motos – só falta um R pra moRtos...”, o jornalista Alex Ferraz (tribuna da Bahia) diz: “Bem, a meu ver são óbvias algumas das causas deste morticínio: a total ignorância da maioria dos motoqueiros – daí números maiores no interior – em relação ao tremendo risco que representa este veiculo, incluindo aí o desdém pelo uso dos equipamentos de segurança (é comum ver uma FAMÍLIA inteira em uma só moto, como mostrou recentemente a TV), a inexistência de fiscalização rigorosa, o péssimo estado das vias e, é claro, a pobreza da população, que, na sua maioria, usa motos fracas e frágeis não só como meio de transporte, mas também como instrumento de trabalho, para ganhar a vida;

Quando se diz que “moto é coisa de país pobre”, alguns rejeitam esta opinião perguntando se alguém já viu um pobre pilotando motos como BMW, Kawasaki etc, todas de alta potência e caríssimas. Claro que não! Mas procurem saber qual a participação de motos deste tipo, usadas por diletantismo por gente rica, no quadro geral dos acidentes fatais. Mínima, senhores. A maioria absoluta é de motos pequenas, de pouquíssima potência, frágeis e muitobaratas, usadas em loucos trabalhos como os de motoboy e mototaxista, onde cada minuto conta em meio a um trânsito selvagem no qual motoristas de automóveis, ônibus e caminhões não escondem sua aversão pelos motoqueiros, aversão esta não raro transformada em assassinato.

Claro que os motoqueiros – mal preparados e ignorantes, na sua maioria, por razões que envolvem questões sociais, inclusive de educação básica – geram boa parte desses acidentes.

É tempo de a indústria do setor, que vem faturando cada vez mais, ter um mínimo de responsabilidade social e promover campanhas de segurança, pois fabricam um objeto que é tão ou mais perigoso do que uma arma de fogo fatais. É, enfim, uma combinação letal de fatores.”

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Colégio celebra a consciência negra



Desfile inédito reúne alunos, funcionários e professores do João Paulo II em Brotas

O Canto Das Três Raças, composição de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, na voz de Clara Nunes, puxou nesta manhã de segunda-feira, 21, o desfile comemorativo pelo Dia Nacional da Consciência Negra em Brotas de Macaúbas. Com bandeiras do Brasil e da Bahia estudantes, professores e funcionários do Colégio Estadual Papa João Paulo II percorreram as ruas da cidade numa manifestação pela igualdade entre as raças e contra a discriminação racial.


Muitos estudantes pintaram o rosto de branco ou negro, outros usavam máscaras, desfilando cidadania e civismo. Pena que a população não se incorporou à manifestação inédita nesta cidade, mas o colégio deu o exemplo que, com certeza, terá makior participação nas próximas edições.

Em Salvador, a Consciência Negra foi marcada pelo Ano Internacional dos Afrodescendentes, o Afro XXI, realizado no Palácio Rio Branco. Na oportunidade, a cidade foi eleita a capital Iberoamericana dos Afrodescendentes. No Afro XXI, as lideranças nacionais e internacionais se reuniram, com a presença da presidente Dilma Rousseff, para aprovar a Declaração de Salvador, que traça diretrizes para o combate ao racismo e ações afirmativas de reparação para populações afrodescendentes. O evento contou com a presença dos chefes de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, do Uruguai, José Mojica e República da Guiné, Alpha Condé.
Canto das Três Raças
Ninguém ouviu um soluçar de dor no canto do Brasil
um lamento triste sempre ecoou, desde que o índio guerreiro
foi pro cativeiro e de lá cantou
Negro entoou um canto de revolta pelos ares
no Quilombo dos Palmares, onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes pela quebra das correntes
nada adiantou
e de guerra em paz, de paz em guerra
todo o povo desta terra quando pode cantar
canta de dor

Ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh
Ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh

E ecoa noite e dia, é ensurdecedor
ai, mas que agonia o canto do trabalhador
esse canto que devia ser um canto de alegria
soa apenas como um soluçar de dor.

Ôh ôh ôh ôh ôh ôh, ...

Ninguém ouviu um soluçar de dor no canto do Brasil
um lamento triste sempre ecoou, desde que o índio guerreiro
foi pro cativeiro e de lá cantou
Negro entoou um canto de revolta pelos ares
no Quilombo dos Palmares, onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes pela quebra das correntes
nada adiantou
e de guerra em paz, de paz em guerra
todo o povo desta terra quando pode cantar
canta de dor

Ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh
Ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh

E ecoa noite e dia, é ensurdecedor
ai, mas que agonia o canto do trabalhador
esse canto que devia ser um canto de alegria
soa apenas como um soluçar de dor.

Ôh ôh ôh ôh ôh ôh, ...


sábado, 19 de novembro de 2011

Edital inclui Brotas em projetos culturais


Ações do Ministério da Cultura envolvem atividades de baixo custo nos municípios ribeirinhos do Rio São Francisco

Brotas, Morpará e Ipupiara foram incluídos no Edital Mais Cultura – Microprojetos Rio São Francisco publicado no Diário Oficial da União, na quinta-feira, 10 de novembro. O Programa integra o conjunto de ações desenvolvidas pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), vinculada ao Ministério da Cultura, e está direcionado à realização de atividades culturais de baixo custo.

A missão do programa é fomentar e incentivar artistas, produtores, grupos, expressões e projetos artísticos e culturais na região da Bacia do Rio São Francisco. Os projetos financiados deverão ser propostos, ou ter como beneficiários, jovens de 17 a 29 anos residentes na área a ser alcançada, de modo a promover a cidadania cultural.

As inscrições serão abertas a pessoas físicas e jurídicas (sem fins lucrativos) que desenvolvam projetos de Artes Visuais, Artes Cênicas, Música, Literatura, Audiovisual, Artes e Expressões Populares e Moda. Serão contemplados 1.050 projetos no valor de R$ 15 mil, em um total de R$ 15.750.000,00 em prêmios. As inscrições são gratuitas e estarão abertas no período de 97 dias após a publicação do edital no Diário Oficial da União.

A ação representa uma continuidade dos Microprojetos realizados anteriormente pelo Mais Cultura, na região do Semiárido e Amazônia Legal. O total de investimentos nos Microprojetos Rio São Francisco é de R$ 16,8 milhões. Entre suas principais metas estão o apoio a projetos artísticos e culturais de baixo orçamento, fixando a mão de obra local; a sustentabilidade econômica das populações, através de produtos culturais; e a descentralização da política de fomento para a produção artística e sociocultural e o estímulo à cidadania cultural.

O Mais Cultura – Microprojetos Rio São Francisco realiza um diálogo com o Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco. Este inclui a Funarte/MinC, o Ministério do Meio ambiente e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)/Ministério da Integração Nacional.

 

DIVERSAS ÁREAS

Poderão se inscrever brasileiros natos ou naturalizados (pessoas físicas) com idade igual ou superior a 18 anos completos (considerada a data de inscrição) e pessoas jurídicas sem fins lucrativos que desenvolvam projetos sócio-culturais, em áreas tais como Artes Visuais, Artes Cênicas, área de Música, área de Literatura, área de Audiovisual, área de Artes e Expressões Populares, área de Moda,

Fica limitada a inscrição de um projeto por proponente, ficando impedido de participar, ao mesmo tempo, como pessoa física e como representante de pessoa jurídica.

INSCRIÇÕES

As inscrições serão gratuitas e estarão abertas no período de 97 (noventa e sete) dias após a publicação deste edital no Diário Oficial da União. As inscrições serão realizadas mediante o envio pelo correio do material para o endereço abaixo como correspondência registrada com Aviso de Recebimento – AR (considerada a data da postagem), em envelope identificado, contendo as informações solicitadas no Formulário de Inscrição

(pessoa física e pessoa jurídica), com a seguinte inscrição:



MICROPROJETOS – RIO SÃO FRANCISCO

Representação da Funarte – Minas Gerais

Rua Januária, 68 – Floresta

Belo Horizonte – MG CEP:30110-055

Veja mais informações nas páginas eletrônicas da Funarte (www.funarte.gov.br), do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br), e disponibilizados para divulgação em jornais de grande circulação, nos Pontos de Cultura e nas Secretarias ou Fundações Estaduais de Cultura.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Teatro celebra 50 anos de sacerdócio do monsenhor João




Auto de Nossa Senhora conta a história de Brotas a partir do milagre da vaquinha com elementos da cultura popular

O Grupo Cultural Cayam-Bola apresenta no dia 3 de dezembro, nas comemorações dos 50 anos de ordenação sacerdotal do monsenhor João Cristiano, o Auto de Nossa Senhora de Brotas. Trata-se de dramatização, com recursos de teatro, canto e dança, contando a origem da cidade a partir do Milagre de Nossa Senhora no Boqueirão. A peça teatral utiliza-se dos mais diferentes recursos cênicos para mostrar fatos determinantes da história, da cultura e do folclore brotenses.
O Auto de Nossa Senhora de Brotas contará com a participação de 16 atores mostrando a miscigenação do nosso povo através da mistura de raças: dos índios nativos aos brancos portugueses colonizadores e os negros trazidos para o trabalho escravo.  No elenco, dois remanescentes dos antigos cantadores de Reis - Marcos Roberto, bisneto de Lalu e Catarina e Rafael Novaes, sobrinho tetraneto de Zé Raimundo.


O texto, assinado pelo poeta, escritor e jornalista Rosalvo Martins Júnior, filho da terra, mostra que “foi da junção dos povos indígena, negro e português que surgiu a alma brotense”. De Lalu, a montagem relembra Catarina, a grande dançarina do Reis, imortalizada na canção “Catarina Balaio de Fulô”. De Zé Raimundo, a mulinha do Bumba Meu Boi abre a história de forma lúdica e animada.
O Grupo Cultural Cayam-Bola é integrado por Francisco Barbosa (Chicão), Rafael Novaes, Marcos Roberto, Tchica Sodré, Ivone Alcântara, Késia Hellen, Dayane Barbosa, Milena Sodré, Maria Paula, Amanda Oliveira, Michel Eoque, Alekênia Barbosa, William Novais, Nayara Carla, Rosângela Rosa, Michel Roque, Rosalvo Junior e Marcos Manchinha e defende o desenvolvimento da cultura de nossa cidade e a integração da juventude brotense.
A maquilagem tem a assinatura de Norimar e o Salão Beleza e Estética Naral e de Elenice Araúji, que assina os adereços, o cenário e a Mulinha. Belk Saldanha é o contraregra e assistente de direção e os figurinos foram confeccionados por Luciana Rosa. A montagem do Auto tem o patrocínio da Pousada Vovó Terezinha, do empresário Edilson Campos e conta com importantes apoios - da Prefeitura Municipal/Cras, Dilton Aécio, Eliene Ferro Nunes, Miguel Ribeiro, bloco Psiu Psiu (Deodato Alcântara Filho), Cristina Sodré, Dr. Carlos Lopes e Flávia Ferro.



Ensaios acontecem no Cras

Os ensaios do Auto de Nossa Senhora de Brotas acontecem regularmente na sede do Cras, Praça Dr. João Borges. Trata-se de uma criação coletiva, com orientação, supervisão e direção do próprio autor. Na montagem são utilizados alguns instrumentos do reisado e adereços que lembram momentos da história de Brotas, com representações da Festa do Divino.
A história parte da lenda que retrata o milagre da santa que fez descobrir a bezerrinha perdida no Boqueirão, local que é o marco zero de Brotas. A água pura e cristalina que ali jorrava servia para o abastecimento de toda população, desde os primórdios até o século passado, nos anos 80. À encenação do milagre integra-se algumas manifestações culturais, com a utilização do Hino de Brotas (composição da professora Cotinha Meira Lima) e do Hino a Nossa Senhora.
O elenco está afiado. Os três jograis contam a história e um deles abre o espetáculo falando dos 50 anos de sacerdócio do padre João Cristiano. Em seguida apresentam as cenas do milagre e a aparição do Anjo à Virgem Maria. No meio da história, o Diabo aparece tentando estragar tudo, num momento de suspense e bom humor.


Os registros fotográficos desta reportagem foram feitos pelo pesquisador Tiago Mendes, paulista que está em Brotas desde o início do ano realizado estudos sobre o município.

Veja novas fotos dos ensaios do Auto de Nossa Senhora de Brotas.






terça-feira, 8 de novembro de 2011

Brotas amanhece sob muita chuva


Molhação começou na noite de segunda-feira e agrada principalmente os agricultores

Desde a noite de segunda-feira, 7, que chove bem em Brotas de Macaúbas (Chapada Diamantina) e região. A precipitação, ainda abaixo do esperado para esse mês - considerado bom de chuva -, agrada principalmente os agricultores. A temperatura também caiu consideravelmente, com máxima de 20 graus e mínima de 15 graus.
De acordo com a agência Climatempo vai continuar chovendo bem pelo menos até sábado. O tempo deve ficar fechado até quinta-feira, com chuvas mais fortes à noite. A partir de sexta-feira o sol deverá a parecer, mas há previsão chuvas mais fracas.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tempos de ouro do Carnaval em Brotas








Brotas revela a alegria de seus foliões em um tempo onde o que contava era o alto astral
De São Paulo, o amigo Carlos Humberto e sua esposa Ivani enviaram verdadeiras preciosidades do Carnaval de outrora em Brotas de Macaúbas. São registros do bloco Ouro, farras e ressacas pós-carnavalescas. As fotos mostram toda a alegria dos foliões que curtiam a festa no maior alto astral.









Vamos identificar nesses registros pessoas com quem convivemos em algum momento de nossas vidas...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Carnavais antigos ainda na memória



Brotas sempre realizou grande Carnaval, tradição que incluía bailes, blocos, fantasias e caretas
Carnaval antigo em Brotas, festa realizada mesmo com luz de motor a óleo diesel. Não tínhamos clube – ainda não temos – e a folia era realizada ou no Mercado Municipal ou no Ala B (onde hoje funciona a EBDA). Falar da festa de Momo tem que se referir ao primeiro Carnaval, organizado lá para os idos de 1946 ou 1947, por Vitória Arcanjo Ribeiro. Esposa do juiz Dr. Sebastião, ela caprichou nos preparativos, que incluiu desfile festivo pelas ruas e baile nos salões do destruído sobrado da Praça Dr. João Borges.
Conta-se que a festa foi de arromba e só não se repetiu a pedido da filha da organizadora que teria feito uma promessa. Esta filha, Clarice, mais tarde veio a se tornar religiosa, só deixando o hábito muitos anos depois, para cuidar do pai idoso e doente. Mas voltando aos carnavais em Brotas, vale o destaque aos bailes organizados pelo professor Davidson Carrilho e sua esposa Dona Norberta. São famosas as fantasias construídas por essa foliã que foi sem dúvida, uma das grandes incentivadoras do Carnaval, principalmente na década de 60.
Depois, plena ditadura militar, muitos jovens tomaram para si a tarefa de organizar a folia momesca, que naquela época era festejada na data certa e não antecipada como nos dias de hoje. Lembro que escutávamos as marchinhas no rádio, copiando-as para à noite ensinar aos músicos – Jani, seu Nivaldo, Valdinei, Tonhá e Joaquim, nomes em sua maioria da família Campos de tradição nas artes musicais. Além disso, lavávamos o salão, decorando-os e vendíamos as mesas e ingressos sem auferir qualquer lucro com isso.
A juventude se reunia, ou na casa de um dos músicos ou no Bar Arvorada, do saudoso Miruzinho, onde promovia os tais ensaios que volta e meia terminavam em bailes antecipados. Quando fui estudar em Salvador, lá para os idos de 1969 era assim, continuando por alguns anos. Com Olival Bastos Quinteiro promovíamos sadias disputas para ver quem colocava o melhor bloco na rua e no clube. Bons tempos.
A tradição dos blocos de Carnaval vem dessa época, com destaque para o bloco Jóia – “Jo-jo-jo-jo jóia/o nosso bloco é uma joia/olha que coisa legal/chegou o bloco Joia e animou o Carnaval...” Teve também o Cordão da Bahia, Secos e Molhados – o pessoal passou horas se preparando, mas a tinta que reproduzia no rosto a marca do grupo musical que emprestava o nome ao bloco acabou provocando queimaduras em algumas pessoas. Mesmo assim o bloco saiu, assim como o Capop, com sua mortalha irreverente e a letra da música que dizia pouco se importar com a opinião pública.

Minha irmã Nora Ney (saudosa memória) e Antônio Cleuber Lopes com fantasia estilizada de índios americanos. Na foto, sentadas, Hildinha de Ziru e Vanda de Chico

Esses são primórdios dos blocos carnavalescos em Brotas. E muitos outros seguiram-se, inclusive com o famoso Jegue Trio e a rapaziada vestida de mulher. Outra tradição nos carnavais antigos, além de fantasias caprichadas, principalmente entre as moças, eram os mascarados. Os caretas são uma marca do Carnaval brotense, mas ultimamente começam a desaparecer.
Vestir-se de careta era uma tradição e mobilizava grupos de homens e mulheres, jovens e até crianças. A máscara do Diabo usada por Jurandi Martins assustou muitas gerações de meninos e meninas. Havia também os cacarecos – mascarados que usavam uma peneira, um cabo de vassoura e um lençol para o desfile nos dias de folia.

Há poucos anos o Carnaval de Brotas foi antecipado e acontece uma semana antes da folia original. O trio elétrico foi incorporado e com ele os blocos de abadá. Os Alcoólicos marcou época nas ruas e hoje reúne-se apenas numa festa fecha open bar. Nas ruas mesmo, tem o Psiu Psiu e o Fica Comigo. Muito poderia se falar dos Carnavais antigos de Brotas, mas fico por aqui e espero ter atendido a um pedido especial feito pela grande amiga Iêda Rodrigues.


A tradição dos caretas mantida em várias cidades baianas e do Brasil está desaparecendo em Brotas